Homenagem a Andreas Stöcklein (1957-2024)

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  • Andreas Stöcklein na Estação de Campolide em 2023
  • Painéis de azulejos de Andreas Stöcklein nas plataformas da Estação de Campolide
  • Andreas Stöcklein na Estação de Campolide em 2023
  • Painéis de azulejos de Andreas Stöcklein nas plataformas da Estação de Campolide
  • Andreas Stöcklein na Estação de Campolide em 2023

Autor dos belos painéis de azulejos que se encontram nas plataformas da Estação ferroviária de Campolide, na Linha de Cintura 

Andreas Stöcklein, um dos mais importantes artistas contemporâneos a trabalhar o azulejo em Portugal, autor dos belos painéis de azulejos que se encontram nas plataformas da Estação de Campolide, na Linha de Cintura, faleceu em Lisboa no passado dia 13 de julho.

O artista mostrou-se sempre disponível, aceitando os vários convites da IP para participar em ações de divulgação do património azulejar ferroviário das quais se destaca:

  • Instalação da Primeira Placa SOS Azulejo na Estação de Campolide a 16 de dezembro de 2013; 
  • Comemoração do 1º Dia Nacional do Azulejo, a 6 de maio de 2018, com a realização de visita guiada a várias estações da Linha de Sintra, onde em Campolide falou aos presentes sobre o processo de criação dos painéis da sua autoria;
  • Apresentação da Rota dos Azulejos - Travessa Ferroviária Norte-Sul, no dia 6 de maio de 2023, no Auditório Municipal Rui Guerreiro no Pinhal Novo.

Andreas Stöcklein nasceu em 1957 vivendo em Essen, na Alemanha até à partida com a mãe para Luanda onde o seu pai se encontrava a trabalhar. 

Viveu até 1962 em Luanda, regressando depois à Alemanha, onde frequentou, entre 1977 e 1983 a Academia de Belas Artes de Dusseldorf. Em 1982 dedica-se à pesquisa no âmbito da Landart na Serra da Arrábida. Já a residir em Portugal, inicia em 1983 a aprendizagem de técnicas de azulejaria, trabalhando em restauro e reprodução do azulejo tradicional na empresa Azularte em Lisboa. Em simultâneo com a atividade de restauro (Jardim do Palácio de Queluz, Igreja do Castelo de Sesimbra, Igreja dos Cardaes, Igreja de Marvila, entre outros), desenvolve formas de expressão própria sobre azulejo. 

Realiza a sua primeira exposição individual em 1984. Em 1988, instala o seu atelier em Setúbal, onde desenvolve o seu trabalho enquanto ceramista e pintor. Em 1992 desloca-se à Alemanha para desenvolver um projeto que culmina com a apresentação da exposição “3,1416º K”, Artcore, em Monchengladbach. É representado pela Galeria Ratton desde 1990. Integra o seu atelier dentro da Oficina Ratton, passando a ser artista residente, colaborando na execução dos projetos da Ratton Cerâmicas e no apoio aos artistas convidados.

Em 2017 recebe, em conjunto com a Galeria Ratton, o prémio SOS Azulejo de melhor obra artística pela intervenção no ‘Túnel do Quebedo’ em Setúbal.

Recebeu o Prémio Jorge Colaço de Azulejaria 2000 com a Galeria Ratton pelo trabalho na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Em 2023 recebe o Prémio SOS Azulejo "Obra de Vida" 2022.

Também em 2023, por ocasião da comemoração dos 40 anos de vida e trabalho do artista em Portugal, a Galeria Ratton propôs ao Museu Nacional do Azulejo a apresentação da exposição antológica “ Sobre a Linha do Horizonte – Andreas Stöcklein na Colecção Ratton “.

 


Excerto de entrevista a Andreas Stöcklein, sobre a obra de sua autoria patente na Estação de Campolide


“O que eu queria era tornar esse “não-lugar” num lugar, torná-lo num espaço identificável, e penso que isso vai acontecer com o tempo.
As pessoas vão-se familiarizando com os painéis mesmo que nunca os tenham olhado diretamente.
Penso que nos habituamos a ver certas coisas na paisagem urbana que, se um dia faltassem, sentiríamos profundamente a sua falta – e, porém, na nossa rotina diária, nem sequer damos por elas.
O meu objetivo era partir de um espaço despersonalizado e dar-lhe um pouco mais de cor, ou melhor, dar-lhe um carácter lúdico.
(…)
É um estar aqui e ter o anseio do longe.”

Francisco Vaz Fernandes, in “Sem Margens”

 

Andreas Stöcklein permanecerá vivo através da sua obra.